sábado, 25 de outubro de 2008

Evolução?

A metáfora do futuro do mundo criada no filme Idiocracy (2006), nos direciona a uma indagação aparente: Será que o futuro, que estamos acostumados a vislumbrar - com robôs, carros que viajam em pistas magnéticas como nos filmes de Hollywood - trata-se, grosso modo, de uma visão do próprio mercado a fim de mascarar suas reais intenções acerca do futuro da humanidade? A sociedade não estaria sendo mais uma vez manipulada?
A grande verdade, é que a sociedade se encontra imersa num sistema construído através de simbologias que se reflete de modo progressivamente regressivo, num sistema que suprimi lentamente os valores, os discursos contrários.
Sucintamente, ele nos direciona a um processo de mecanização com vistas de imprimir uma linguagem e modo de ser, favorável ao seu domínio. Desse modo, cria com bases sólidas um ser que não pensa, não imagina nem questiona e que busca unicamente se moldar nos produtos recriados pelo mercado, constituindo desse modo, uma evolução aparentemente natural.


João Ortiz

(Texto produzido a partir do filme Idiocracy (2006 - Fox)


sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Comentário do filme: Idiocracy




O filme mostra os personagens tendo que sobreviver em um futuro onde a sociedade “evoluiu ao contrário”. Essa sociedade, intencionalmente ou não, pode ser considerada como uma representação de um capitalismo extremo, onde todos vivem na eterna procura desenfreada por capital e pela satisfação de seus desejos (sejam quais forem esses), mas sem nenhum escrúpulo, “amenizado” pela perda da inteligência. Ou seja, falta a verdadeira noção da realidade levando os indivíduos a cometer atos abomináveis para satisfazer seus desejos mais absurdos, chegando à violência extrema.
Em alguns pontos é fácil identificar semelhanças, mesmo que em situações cômicas e distorcidas, com a nossa realidade (e essa foi justamente, no meu ponto de vista, a intenção do autor); o que pode ser considerado uma situação de crescente alerta.
Agora resta-nos saber até que ponto o “nosso” capitalismo diferencia-se do demonstrado, até onde a “nossa” sociedade vai chegar à busca do capital.

Evaldo C. Gomes

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O Jovem e o Capitalismo

O jovem foi gerado pelo sistema capitalista, e assim sua adaptação ocorreu de forma natural. Nesse sentido, é normal que os jovens busquem estar na moda, ter um corpo de acordo com os padrões estéticos impostos pelo mercado, uma vez que a indústria cultural e suas ferramentas construíram essa realidade, ou seja, tornou-se parte do mundo dos jovens buscarem essas formas de reconhecimento social.
Esse sistema impulsionou uma valorização do descartável: o jovem busca se enquadrar nesse mundo consumista efêmero, e não só. Suas relações interpessoais são, ao mesmo tempo, mediadas basicamente pela efemeridade. Esta por sua vez, é acondicionada pela ideologia, imposta especialmente pela mídia, de liberdade através da perfeita manipulação dos desejos dos mesmos. Dessa forma induz-se, também, ao pensamento de que o sistema que aí está em detrimento dos outros, é a melhor maneira de viver no mundo.

João Ortiz

(texto em resposta a enquete)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

A CORROSÃO DO CARÁTER

A idéia central dos escritos de Senett circunda o aspecto inconstante do capitalismo flexível: o do desdobramento do homem em diversos momentos de sua vida trabalhista no novo capitalismo. Essa idéia de flexibilidade corrobora o desenvolvimento de mudanças e incertezas nos distintos aspectos vivenciados pelos indivíduos.
Assim, submetido a esse sistema de docilidade temporal, o individuo é sondado a flexibilizar o seu caratismo, ou seja, o modo como age.
Destarte, suas atitudes passam a se pautar de tal forma que o direcione a sobreviver na “temporalidade social”: se envereda num fluxo que o leve a ascensão social, sem levar em conta as relações familiares e de amizade – os laços familiares e de amizades propriamente ditos − onde moral e ética são gastos, ou como prefere Sennett: drasticamente corroídos.

João Ortiz

(Texto produzido a partir da leitura do artigo "Deriva: como o novo capitalismo ataca o caráter pessoal" IN: A Corrosão do Caráter, de Richard Senett)

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

AS RELAÇÕES HUMANAS NO SISTEMA CAPITALISTA

As relações humanas são integralmente intermediadas pelo sistema capitalista, o homem moderno insere-se numa realidade onde é abolido o senso de caráter. O imediatismo e o vazio de todos os sentidos tornam permissivas ações que desprezam os valores éticos nas relações.
O tempo, ou melhor, a falta dele é conseqüência desse sistema. Até o companheirismo nas relações passou a fazer parte da agenda das pessoas. É como se todos estivessem sempre devendo alguma coisa a alguém sempre tendo que ser simpático, e, cada vez mais, sempre faltando tempo: as relações humanas passaram a ser vazias, volúveis e descartáveis.
Assim, as pessoas passaram a se organizar por listas, agendando o que se tem que fazer no dia seguinte: família, carreira, viagens, reuniões e, no entanto, nunca encontram seu tempo dentro das 24 horas estabelecidas.
O tempo em nossa sociedade, passou a ser a matéria prima da vida: as pessoas passaram a dependentes do tempo. O tempo para as relações interpessoais, pro lazer, pro “nada” é escasso e não se encontra mais, é ele a grande ferramenta mercadológica de nossos tempos, regente das relações humanas.

João Ortiz

(Texto produzido a partir da leitura do artigo "Deriva: como o novo capitalismo ataca o caráter pessoal" IN: A Corrosão do Caráter, de Richard Senett)